





***Universo DC***

. Superman II . 1980
Nos anos 80 tinha-se uma mania de, mesmo assistindo e voltando para assistir novamente uma continuação, sempre se dizia: "o primeiro é melhor!". A busca pela originalidade do produto, mesmo que impossível dentro de uma indústria cultural, permeava qualquer discurso sobre um filme original e sua continuação.
Bem, em se tratando dessa continuação, o ditado vale. O primeiro Superman é superior a este. E por várias razões.
Primeiro que houve a tão lamentada demissão de Donner. Cheio de contrariedades em relação às escolhas do casal Salkinde, os produtores do filmes, Donner acabou sendo demitido. Em seu lugar foi colocado Richard Lester. Lester refilmou várias cenas de Donner. Quando Donner foi desligado do filme cerca de 80% das cenas já haviam sido gravadas. Mas Donner havia inclusive filmado o final, que foi desconsiderado na edição do filme.
De forma que Superman II ganhou o título de o filme mais editado da história.
Segundo, Marlon Brando não desejou participar da continuação, e nem permitiu que seu personagem Jor-El aparecesse mesmo em cenas já gravadas e que não fizeram parte da edição final do primeiro Superman, mas que poderiam ser usadas nesse segundo. Com esse problema em mãos Donner/Lester tiveram que substituir Jor-El, que aparece como holograma nos cristais da Fortaleza da Solidão, por imagens novas de Lara.
Terceiro, o roteiro em si. Há coisas que ocorrem no filme e que não há antecedente algum dentro do que foi visto até agora: novos poderes para Superman entre outros pequenos detalhes.
O filme se inicia da mesma forma que o primeiro, como uma leitura de uma edição de Action Comics. Estamos novamente em Krypton. a cena mostra melhor a rebelião de Zod, que apenas foi mencionada anteriormente. Ele é julgado conforme já vimos e aqui é mostrado novamente. Quando eles são jogados na Zona Fantasma, eles juram vingança contra a família El. No primeiro Superman, eles perdem perdão e choram.
A música desse início é a mesma de Williams, porém modificada em sua textura orquestral por Ken Thorne.
O egoísmo do Superman por sua adoração a Lois Lane o fez desobedecer aos pais e interferir no próprio curso do destino humano no primeiro filme. Agora esse mesmo personagem prefere manter sua identidade secreta à salvar imediatamente Lois Lane ( cenas na Cataratas do Niágara), a quem ama.
Enquanto isso Zod e seu bando estão causando terror em Washington. Entram e destroem a Casa Branca, fazem o presidente americano se ajoelhar e se conclamam senhores da Terra. Quando o presidente americano se ajoelha, exclama "Oh, my God!", Zod é irônico e responde, "God, no! Zod!"
Após ir para a cama com Lois, Clark decide abandonar a proteção a Terra e se dedicar exclusivamente à vida marital com a mulher. É um desejo que compartilha com a mãe; esta lhe diz que só poderá viver como um deles se for um deles. Ele afirma que gostaria de perder seus poderes. Lara o coloca numa câmara e quando sai, está totalmente sem poderes. Humano.
Depois, arrependido de ter escolhido o amor por Lois ao invés da proteção do mundo, decide retornar, a pé, à Fortaleza da Solidão.
Luthor foge da cadeia e tenta um diálogo com Zod, na Casa Branca. Diz saber como fazer Superman aparecer, e Zod então invade o Planeta Diário em busca de Lois. A destruição é completa e Superman apenas aparece quando tudo já está em ruínas. Ele conseguiu seus poderes de volta.
A batalha em Metropolis entre Superman e Zod é devastadora.
Eles conseguem destruir prédios, arremessando um e outro em direção aos mesmos, carros, hidrantes, lojas, bancas de jornal, o quarteirão inteiro é destruído e a luta toma conta dos ares. No plano aéreo a luta se intensifica, andares inteiros de edifícios são atravessados pelos kryptonianos ensandecidos. Para quem critica Snyder por cenas assim em Man of Steel, Superman II deveria não ser esquecido e sim rememorado. Superman não leva a luta para fora da cidade. Ao contrário, com um inimigo insano como Zod, não há como fazer isso. a luta arruína a cidade, para os padrões cinematográficos da época evidentemente. Mas é sim uma luta muito bem produzida e tão perfeita que permanece viva ainda hoje em plena época de cgi.
Depois, na Fortaleza da Solidão, retirar os poderes de Zod seria a única maneira de fazê-lo parar, sem precisar matar. Sem poderes, Zod, Ursa e Nom são facilmente derrotados. Mas mesmo assim são mortos por Superman e Lois Lane, que os arremessam em um abismo.
Após esse confronto, passamos para mais um dia no Planeta Diário. Clark beija Lois e o que se segue, é mais um exemplo de roteiro sem sentido. Após o beijo, Lois parece se esquecer de que Clark revelou para ela sua identidade secreta. Será mais um novo poder do Superman? Provocar amnésia com um beijo? Bem, essa cena sim é exemplo de coisas que nunca deveriam ter sido filmadas. Por que Lois Lane tem que se esquecer disso? E por que, pior ainda, com um beijo?
No entanto, esse filme se mantém pela atuação rica e perfeita de Christopher Reeves, Margot Kidder, Terence Stamp, Gene Hackman e Sarah Douglas (Superman/Clark, Lois Lane, General Zod, Lex Luthor e Ursa, respectivamente); pelos efeitos visuais e sonoros, usados com maestria na luta entre Superman e Zod; pelas tiradas convincentemente cômicas de Luthor.
Ademais algumas estranhezas de roteiro, no geral o filme se sustenta também nesse ponto. Embora o primeiro seja melhor, esse também é sensacional, e seria o último filme de super-heróis realmente cativante até Batman, o filme, de Tim Burton em 1989. Assim como seria a último filme de excelência do Superman na década de 80. Os outros dois que vieram em 1983 e 1987 são aberrações cinematográficas vergonhosas, sendo que o III é pior do que IV.
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Por Alexsandro Alves
mai.2015
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Ficha Técnica
Gênero: Ação
Direção: Richard Donner, Richard Lester
Roteiro: Mario Puzo, David Newman, Leslie Newman
Elenco: Christopher Reeve, Margot Kidder, Gene Hackman, Ned Beaty, Sarah Douglas e Terence Stamp
Produção: Pierre Spengler
Música: Ken Thorne

