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. Superman . O Filme . 1978

 

 

Quando esse filme foi lançado, filmes baseados em super-heróis não eram motivos para grande alarde. Na verdade, as matinês mostravam sempre filmes baseados em personagens de quadrinhos, não sendo invenção de estúdio moderno como alguns podem pensar. Todavia, eram filmes voltados para crianças e que pouco ou nada tinham que pudessem atrair pessoas mais velhas.

 

Superman foi um personagem criado em 1933 por Jerry Siegel e Joe Shuster e publicado pela primeira vez em Action Comics número 1, da National Periodics (mais tarde chamada de DC Comics). Seu sucesso foi estrondoso e nos anos seguintes invadiria todas as mídias da época: jornais, rádio, tv e cinema.


Mas o que diferenciou o filme de Donner, e fez o público mais atencioso para a sua produção foi uma soma de fatores que antes apenas era direcionado à outros tipos de filmes: primeiro,o investimento, cerca de U$ 55 milhões de dólares, um absurdo para a época, sobretudo se observamos que, em 1989, Burton filmou seu Batman com cerca de U$ 35 milhões de dólares (e já era considerado alto para qualquer gênero de filme); segundo, a escolha de atores, nada mais nada menos do que Gene Hackman e Marlon Brando integravam o elenco, e só a menção desses nomes já era um chamariz extraordinário para o sucesso do filme; terceiro, o cuidado com efeitos especias. É certo que Star Wars já havia aberto caminho nesse ponto, mas esse Superman foi premiado com o Oscar de Melhores Efeitos Especias.

 

Bem, e a história? Simplesmente é uma das mais cativantes idealizações do Superman em todos os tempos. O jovem Christopher Reeves encarna o Último Filho de Krypton com tanta naturalidade, que seu rosto viria a marcar para sempre a memória de quem falasse ou pensasse no super-herói.

 

O filme começa mostrando uma edição de Action Comics, numa especie de metalinguagem, o narrador nos fala, enquanto folheia e edição, que a cidade de Metrópolis é guardada por um homem que é símbolo da verdade e da justiça, parecendo aquelas matinês infantis. Mas aí, entra uma música, um tema que se tornaria clássico e amado e reconhecido por qualquer um que já tenha assistido ao filme: O Superman Theme de John Williams, com certeza o mais famoso tema de super-herói de todos os tempos e mais conhecido do que os de Star Wars ou Indiana Jones.

 

Durante o filme a personalidade de nosso super-herói varia bastante. Primeiramente, ele era um jovem triste que não encontrava lugar no mundo. Também teve sempre que se conter e não usar sua força ou quaisquer de suas habilidades, isso a pedido do próprio pai, embora isso lhe causasse sempre grande humilhação, o que aumentava mais ainda seu desconforto entre as pessoas.

 

Esse lado introspectivo do personagem é mostrado em Smalville, em meio à chacotas e zombarias de outro rapazes. E de certa forma, esse lado de Clark Kent é continuado na timidez do jornalista, que se esconde das pessoas usando óculos, baixando o tom da voz, inclinando um pouco o peito para frente e falando sempre usando interjeições. Reeves é perfeito tanto como Clark quanto como Superman. Embora o jovem Clark seja interpretado por Jeff East, que consegue encontrar as expressões de melancolia e revolta para o personagem.

 

Reeves aparece pela primeira vez quando Clark veste a roupa do Superman, na Fortaleza da Solidão. Clark passou três anos na Fortaleza aprendendo com Jor-El. E ao fim das aulas, Jor-El lhe presenteia com uma roupa kryptoniana, detalhe que John Byrne, em sua reformulação do personagem nos quadrinhos (Man os Steel # 1, 1986) não seguiu, preferindo fazer Superman vestir uma roupa feita com tecido terráqueo costurada por Martha Kent. Outro detalhe que é bom notar é a violência que surge de situações inesperadas, como a morte do detetive. Lex Luthor não está careca. Passa a maior parte do tempo com uma peruca ruiva.

 

O alvoroço toma conta de Metrópolis com o surgimento do Superman. Todos querem saber quem é o estranho ser de roupa azul e capa vermelha. Quem consegue a primeira entrevista é Lois Lane. John Byrne nos quadrinhos pós-Crise, brinca com essa ideia fazendo Lois criar um ódio mortal por Clark, pois é justamente o jornalista tímido que publica primeiro uma entrevista com o Superman (Man of Steel # 2, 1986) e assim consegue seu emprego no maior jornal de Metrópolis.

 

Na cena da entrevista entre Lois e Superman, há detalhes inusuais para um filme de super-heróis e que demonstram a preocupação do roteirista e do diretor em fazer algo que fosse entretenimento também para adultos. A entrevista é cheia de duplos sentidos eróticos, bem velados, mas às vezes nem tanto. Como quando Lois pergunta se é verdade que ele pode ver através das coisas. Ele responde que sim. Então Lois pergunta se ele pode ver a calcinha dela e se sim, diga a cor: "rosa". Lois pergunta, como uma típica jornalista (!) "Você gosta de rosa?" e Superman embarca na viagem de Lois: "Adoro rosa!". Mais surreal é o momento em que Lois pergunta o que ele gosta de comer, com uma expressão tal, que nem parece estar se referindo à comida...

 

As voltas que Kal-El dá em torno da Terra fazem o tempo retroceder, correr ao contrário. O resultado é que Lois assim consegue se salvar. Mas Kal desobedeceu ordens expressas dos pais para fazer isso; e isso já coloca uma certa dúvida nos sentimentos e nas ações do personagem e até que ponto ele está disposto a obedecer uma ordem paterna, parece-me que, se for em nome de seu amor, Superman julga que pode passar até por cima de acontecimentos e situações já estabelecidas; então é válido alterar o tempo ao mesmo tempo em que se desobedece um ensinamento, por amor? Quando a cena em questão é mostrada, as voltas na Terra por Kal-El são preenchidas com o Tema do Amor. Se aceitarmos isso como válido, temos que aceitar também que a construção do personagem por Donner e Reeves, não é assim tão ortodoxa. Ele é mesmo um tanto quanto abrupto e visceral, sobretudo em se tratando de Lois Lane. Além disso, por que Lois Lane mereceu isso e o pai dele (Jonathan Kent), não?


Outra questão que nos chega é sobre a frieza desse Clark com sua mãe. Ele parte da fazenda sem sequer avisá-la, antes mesmo que a mesma desperte. Quando ela está colocando o café da manhã é que vê o filho já distante no horizonte.


Esse Clark é bastante melancólico como sua mãe kryptoniana afirmou que seria.

Por outro lado, enquanto adulto, não consegue controlar os impulsos passionais, a ponto de agir contra eventos já estabelecidos.

Parece que já havia, antes mesmo de Snyder. algumas áreas cinzentas nesse personagem.

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Por Alexsandro Alves

     mai.2015

 

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